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Designing Ljubljana - sLOVEnia or DISLOVEnia

Sinto-me dividida. Não sei como desenhar esta cidade. Calma, não estou a falar em dilemas da quantidade de água naquela aguarela amarela, porque isso é fácil. Sabem quando têm tudo planeado e depois nada corre como o desejado? Bom, isso remete um bocado para a vida da maior parte das pessoas que conhecemos não é? Nascemos, estudamos 12 anos e ficamos loucos com a entrada na faculdade.

Depois existe aquela pessoa que sempre quis ser professora primária, com sonhos em ser ministra da educação até e, por isso, move todas as energias para atingir esse objetivo e eu acredito piamente que vai conseguir.

Depois há o outro lado da moeda: quando vemos que o que queríamos não é bem aquilo. É aí que tudo muda e nos perguntamos a todo o minuto “o que é que faço agora?”. Essa era/sou eu. No entanto, estas duas semanas de uma viagem pouco ou mal planeada ensinaram-me que às vezes o melhor é que as coisas sejam mesmo assim: inesperadas. Afinal sempre tive alguma razão.

Cheguei muito tarde a Ljubljana e mal vi a cama feita dormi. Não criei nenhum juízo de valor no autocarro até ao centro da cidade na manhã seguinte. No entanto, cheguei e fiquei deslumbrada. É uma cidade pequena sim, mas tão acolhedora e fascinante que dá vontade de apenas andar pelas ruas a olhar para todo o lado. Se a cidade é deslumbrante, esperem até subir ao castelo e respirarem as cores de outono que a vista alcança. Senti necessidade de transpor para o papel tudo aquilo que estava a sentir.

Acordámos no dia seguinte com destino a Bled. Um dos lugares mais bonitos em que já estive. Começa aqui o que me levou a dizer todas aquelas palavras introdutórias. Não tínhamos feito hitchhicking desde que fomos para Eindhoven, por isso não sabíamos como ia ser nos países de leste. Acontece que esperámos algum tempo e apareceu o “SérvioVendedorAmbulante”. Disse que ia para Trieste mas que nos deixava numa estação de serviço. Não a primeira porque era muito “Shitty”, a segunda também não… e acabou mesmo por nos levar a Bled, tomar um cappucino connosco e quando descobrimos que afinal não tínhamos couchsurfing lá, ofereceu-se para nos levar de novo.

Pois é, ficámos sem sitio para dormir mas optámos por ficar lá a absorver toda aquela natureza e energia quase gelada. Esqueço-me sempre de dizer que nunca fez mais que 5ºC. O regresso a Ljubljana foi estranhamente fácil: o Simon parou, entrámos e começámos logo a falar sobre viagens. Afinal ele já viajou por todos os continentes durante dois anos e meio DE MOTA!

“Já estamos novamente na cidade” pensámos, só que desta vez sem sitio para dormir, já escuro e muito frio. Bom, eu não disse que as coisas inesperadas aconteciam? Acabámos por ir dormir a casa da nossa boleia! Nós gostámos de ouvir as histórias da aventura da vida dele, e ele gostou de voltar a contactar com pessoas aventureiras. Ao que parece trabalha mais do que gostaria e sente falta de tempo para uma viagem de mochila às costas (afinal o dinheiro não é tudo).

Tivemos sorte com o hithchhicking na Eslovénia ou será sempre assim? Pelos vistos foi só sorte mesmo porque (e é agora que entra o meu dilema) os eslovenos não são pessoas fáceis. Com destino a Viena, começámos esta árdua tarefa as 8h. Esperámos 3h no mesmo sitio (que não era mau) e eram poucos os condutores que respondiam. Já estávamos geladas e sem esperança. Nunca tinha sido muito difícil apanhar boleia e sabíamos que o mais difícil era sair da cidade, porque uma vez nas estações de serviço da auto-estrada é sempre a andar. Optámos, então, por aquecer num café a decidir o que fazer. Eram 14h30 quando uma carrinha de caixa aberta nos apanha. Era um ex-policia que não falava nada de inglês. A viagem passou-se com gestos, risadas, PORTINGLÊSLOVENO, e acabou em Maribor. Com o dia quase a acabar não nos restou alternativa senão gastar os preciosos 20€ numa viagem de BUS.

Se não fosse assim não valia a pena não é? Afinal todos os percalços levam a uma aventura ainda maior. E não falo só numa viagem de mochila às costas, boleias não conseguidas e lugares para dormir. Afinal a vida toda é um conjunto de percalços num caminho em que pensamos haver um objectivo como meta.

Esqueçam essas merdas que fazem com que adiemos as coisas. Queiram tropeçar já naquilo que não estão à espera. É maravilhoso. E a Eslovénia também.


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