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NORUEGA Oslo e Bergen

Desde Janeiro, altura em que vim para a Polónia, que já viajei mais do que nos restantes 23 anos da minha vida. Acontece que ainda não tinha escrito nada sobre nenhuma das viagens, coisa que tento agora compensar.

Foram tantas as experiências, que tive sempre medo de tentar ilustrar por palavras tudo o que vivi. Decidi então começar pela melhor viagem que já fiz. Seja pelas pessoas fantásticas que conheci, pelas vistas deslumbrantes por que passei, pelos lugares inspiradores onde acordei… Vai ser uma tarefa difícil, mas vou dar o meu melhor.

Falo sobre a Noruega. Não só sobre a capital que foi, por acaso, a primeira cidade nórdica que visitei mas também sobre a viagem íncrivel que fiz com uma amiga aos Fiordes Noruegueses. Tudo isto em versão MUITO low-cost, muito porque a Noruega é dos países mais caros para viajar mas também porque é assim que viajo.

OSLO

Em Março voei por 15 euros (ida e volta) Gdansk - Oslo. Primeira vez sozinha a fazer couchsurfing, primeira vez nos nórdicos, primeira vez na cultura escandinava. Foi uma primeira vez recheada de tantas coisas boas. A Ida foi a minha host. Temos a mesma idade, ela sueca a viver em Oslo, eu portuguesa a viver em Gdansk. As duas, um fim de semana de muito frio e neve e ski na capital norueguesa. Não planneei nem vi muito do que era suposto um turista ver. Confiei na Ida que prontamente se juntou a mim nesta descoberta, ainda que fosse uma estada muito curta. E foi a melhor coisa que podia ter feito!

Cheguei numa sexta-feira muito tarde. Apesar dos voos serem muito baratos, o aeroporto para o qual a Wizz-air voa é muito longe de Oslo. Tive, então, que apanhar um bus (maneira mais viável de chegar à cidade) que custou mais que o avião - para ser mais concreta, cerca de 45 euros ida e volta. Mal cheguei a Oslo fui diretamente para casa da Ida. Tínhamos combinado que na manhã seguinte iríamos a um festival de esqui. Não que seja completamente fã de esqui mas a coisa mais norueguesa que podia fazer era realmente vibrar com os saltos e corridas. E assim foi, confiei e lá estava eu no metro de superfície, no meio de noruegueses a fazer a festa às 10h da manhã.

O Holmenkollen Ski Festival acontece todos os anos, em Março, e é onde acontece as grandes competições de esqui e saltos na famosa colina Holmenkollbakken. Senti-me na Eurosport quando passam os desportos de inverno. Os noruegueses passam os dias do festival no meio da neve, onde montam fogueiras e aquecem água para o café. Tudo isto com muitos graus negativos e o manto com a altura da minha perna.

Fiz tantas coisas pela primeira vez. Fomos até Sognsvann, um lago na altura congelado, envolto em floresta e neve onde os noruegueses vão, num domingo de manhã, esquiar. Assim, como quem vai para a Expo correr ou andar de bicicleta… Eles lá vão no metro, de esqui debaixo dos braços fazer o seu esqui de fundo - diferente do alpino - onde percorrem muitos quilómetros em superfícies planas ou onduladas. Experimentei por um bocado e consegui entender o motivo de eles serem todos muito saudáveis e atléticos.

A cidade por si só não é algo que fascine. Talvez a ópera, à beira mar, seja um lugar a não falhar, mas decerto que o que não se pode perder aquando em Oslo é esta vivência 100% norueguesa com salmão em quase todas as refeições e neve, muita neve. Ter a Ida como guia e amiga foi, claramente, a minha melhor experiência na capital norueguesa. Obrigada.

BERGEN

Em Agosto tive a felicidade de acolher uma amiga em Gdansk e de a levar comigo numa nova aventura de mochila às costas. Voámos para Bergen, uma das capitais dos Fiordes noruegueses. Um fiorde é uma grande entrada de mar entre altas montanhas rochosas e estar perante uma vista dessas era, confesso, uma experiência que queria muito ter e poder partilhar com alguém o que, depois de muitas viagens sozinha, foi soberbo.

Ficámos uma noite na cidade, couchsurfing claro está, onde passámos a nossa noite com pessoas fantásticas. Na manhã seguinte rumámos ao próximo destino. Bergen é uma cidade no meio de montanhas, por isso para apanhar boleia o melhor a fazer é sair dela. A 10 min de comboio que atravessa uma das montanhas através de um túnel, temos Arna, lugar onde tentámos a nossa sorte naquele dia de chuva. Não foi o mau tempo que nos parou. Conseguimos uma boleia até à cidade seguinte - mais um túnel - e, quase sem esperar, outra direitinha para onde queríamos. Foram cerca de 2 horas de viagem com cascatas como vista, túneis e mais túneis, uma ponte recém construída e finalmente, o Hardangerfjord.

Com um país tão montanhoso, a maneira de evitar subir e descer tantas encostas é a construção de túneis que podem atingir os 24km. O nosso máximo foi 11km. Não aconselho para claustrofóbicos mas tem que se pensar que há de correr tudo bem. As construções são astronómicas. Imaginem estar dentro de um túnel na montanha 1, sair do túnel para uma ponte em direção ao túnel da montanha 2. Sim, isto existe e com rotundas lá dentro. Ah e atravessar essa ponte custa 20 euros.

A nossa ideia era seguirmos para Trolltunga, a língua famosa no final de um trilho de 5 horas, acompanhar a meio da subida e terminar ao amanhecer do dia seguinte. Mas estava a chover tanto que adiámos o plano e a nossa boleia deixou-nos à porta do Jurko, o nosso host em Lofthus. Ele - ucraniano - e mais 3 amigos polacos trabalham, na época da fruta, no Hardangerfjord e acolheram-nos da melhor forma. Convidaram-nos para um hicking onde não há, asseguro-vos, turistas. Foram 3 horas de subida um tanto íngreme onde passámos por todos os estados da natureza até ao glaciar, no topo da montanha. Mais 3 horas a descer tiraram-nos a ideia de subir, no dia seguinte, a Trolltunga. Já tinha valido tanto a pena tudo o que tínhamos visto e vivido que não o queríamos estragar numa subida a um dos pontos mais turísticos da Noruega. Onde a fila para uma fotografia faz fila de horas. Folgefonna tinha superado todas as expectativas e mantivemos-nos por aí.

Chegou a altura da despedida e de seguir com a aventura até ao Aurlandsfjorden. O dia foi longo, com algumas paragens entre boleias, cafés oferecidos e uma beleza infindável em todo o lado. Finalmente chegáramos a Aurland. Paz, calma e um novo fiorde para explorar. Acampámos mesmo à beira de Aurlandsfjorden, num espaço cedido pelo próprio dono a duas viajantes de mochila à costas, sorriso no rosto e com a alma (já) cheia. Nem 10 metros separavam a nossa tenda da água. O frio durante a noite foi bastante notável (ainda que seja verão, as temperaturas não são muito altas mesmo durante o dia) mas a experiência de acordar com aquele cenário fez-nos esquecer disso.

Seguimos para o miradouro Stegastein, cheio de turistas - facto muito infeliz de todo o nosso dia. Logo a seguir, um casal americano em férias levou-nos do miradouro diretamente para Flam. Claramente, o sítio mais turístico de todo o Fiorde, pois é sitio de paragem para muitos cruzeiros. Dizem que vale muito a pena fazer o percurso no comboio antigo mas é também muito caro. Por isso almoçámos, descansámos à beira mar e ao final da tarde já estávamos em Voss. Ora, chegou a altura de dizer: “sem sítio para dormir” - avaliámos as nossas possibilidades e concluímos que o melhor seria apanhar o comboio de volta a Bergen. A Halala tinha espaço para nós na sua nova casa! - Conhecemos a Halala - nascida no Irão mas a viver na Suécia há já muito tempo - no couchsurfing, na primeira noite. Ela “surfou” connosco em casa do Stig e ofereceu-nos um teto para as duas últimas noites. Ficar com ela foi a melhor despedida que podíamos ter tido naquela cidade.

Foram muitas as pessoas que conhecemos e com quem continuamos em contacto. Obrigada Halala, obrigada Stig, obrigada Martin, obrigada Jurko.

E obrigada Inês, por teres confiado em mim neste 344km, e por teres contribuído, também, para esta aventura tão saborosa.

Obrigada Noruega.

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