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Designing Angola - Walalé!

Passou pouco mais de um ano que vivi o mês mais fantástico da minha vida. Para quem não sabe fiz voluntariado em Angola, numa cidade a 12 horas de carro de Luanda chamada Ganda.

Ainda hoje é difícil descrever aquele mês. Ganhei coragem e partilho convosco alguns rabiscos que fiz "LÁ". A acompanhar os rabiscos podem também ler o que escrevi para o blog do GASTagus, a ONGD pela qual fiz parte. Conto-vos, então, uma história bastante visual daquele mês que mudou tantas vidas.

Já passa da meia noite. A luz já foi embora, o Vitor vai as escuras buscar a lanterna ao quarto. Enquanto a Rita põe repelente nas redes mosquiteiras a Cláudia escreve no diário à luz do computador. A Tânia e a Mafalda vão à cozinha pousar os pratos da cerelac. Hora de ponta dos bichinhos e baratinhas a passear pela bancada. Entra-se na cozinha com um pé e sai-se com o outro. Não importa. Amanhã as tias Isa e Rosalina chegam bem cedo com o seu Walale? (dormiram bem?) na ponta da língua e os bichos escondem-se até ser escuro de novo. Assim se criam rotinas que agora recordamos com carinho.

O que nos levou a querer ter uma rotina assim? Entre todos, com certeza, um pedacinho de generosidade, coragem para arriscar em sair da zona de conforto e uma pitada de curiosidade em conhecer uma terra com costumes tão diferentes dos nossos. Uma terra onde a missa dura 2h30 e é repleta de músicas em Umbundu acompanhada de palmas e danças; uma terra onde a mulher, apesar das adversidades, tem força para querer aprender mais e mais; onde as crianças brincam com bonecos feitos de terra ao mesmo tempo que, apesar dos seus 7 anos, tomam conta dos 5 irmãos que têm. Entre palestras no hospital, na policlínica e aos professores, explicações e dinâmicas com todos os grupos que nos queriam receber, fizemos do nosso mês de Agosto a nossa nova praia. Viemos brancos, gordos e cansados mas saber que pudemos acrescentar um ponto à história da Ganda faz-nos acreditar que naquele mês fomos úteis. Não sabíamos que íamos receber tanto. Que íamos aprender a ser tão felizes com tão pouco. Fomos felizes a cantar e dançar a flor azul com a Ami e a Vanessa. Recebemos os sorrisos de diversão da Edna e do Pitbull e dos jovens a quem demos explicações. O agradecimento sincero da Dona Joana em termos trabalhado com as senhoras da PROMAICA. E a despedida? Custou para nós, custou para o padre Tiago que nos recebeu de braços abertos e chapéu na cabeça, custou para as tias Rosa, Isa e Rosalina que queriam a todo o custo tornar-nos filhas delas.

Sobra agora uma saudade enorme daquela vida de simplicidade. Onde mesmo com luz apenas das 18h às 00h conseguimos (sobre)viver. Experimentem só... Saiam para a rua, aproveitem todos os momentos para aprender coisas novas. Temos tanto e não damos valor a quase nada. Sejam simples. Sejam como nós fomos durante um mês em Angola: onde os pés descalços são felizes!


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